Hobbes afirmava que o estado de natureza do homem o induzia a atacar o próximo visando se proteger de uma possível ameaça. Assim, o ser humano se via em um ambiente de terror, no qual se ele não garantisse a sua sobrevivência, o próximo a sofrer um “atentado” contra a vida seria ele (“o homem lobo do homem”).
Para se preservar desse ambiente de terror, o homem determinou uma espécie de contrato social, no qual ele recusa a sua índole natural (atacar o próximo para se manter vivo) e passa para o soberano e para o estado o poder de controlar e manter o respeito entre os seres humanos, garantindo assim também alguns requisitos básicos como proteção entre outros que seriam as obrigações do Estado.
Mas para manter a população controlada o soberano se utiliza do medo para impor respeito e manter o seu poder. Um método para impor o controle perante a sociedade seria por meio de punir o errado ou o contrário como uma forma de mostrar que quem não segue as ordens do Estado sofrer graves consequências.
Hobbes representou suas idéias em uma criatura mística chamada Leviatã, representado na ilustração feita pelo autor como um monstro composto por vários homens dispostos como escamas. Com isso, Hobbes quer dizer que o soberano que controla a sociedade é formado pelo conjunto de indivíduos, mostrando também que o ser humano deu ao Estado o direito de controlá-lo da maneira que se deseja.
Assim, analisando as idéias de Hobbes e comparando-as com o mundo atual, é possível perceber que, mesmo com a criação do Estado e do soberano, o homem continua a preservar sua natureza humana. Dessa forma, o Estado só amplia ou massifica a sua índole natural ou humana, para conseguir manter sua soberania, seu pensamento, sua economia e assim sua sobrevivência. Declara guerra aos seus inimigos, podendo vencê-los e com isso se utiliza do fruto que conseguiu da guerra (terras, petróleo, matérias primas entre outros), que ajudam na sobrevivência e enriquecimento do Estado.
Portanto, o contrato social não nasceu da vontade humana de renegar sua natureza e passar parte de seu poder individual para o soberano e sim da necessidade do homem de ampliar seu poder e garantir a sua sobrevivência.
É possível perceber isso por meio de pequenos exemplos: o homem que sabe ler e escrever pode usar esse seu “poder” para enganar pessoas analfabetas, dando contratos falsos (de diversos tipos de vendas) e ganhar dinheiro ilegal por meio desses. As pessoas enganadas podem vir a descobrir somente quando outra pessoa de mesmo conhecimento do indivíduo que as enganou aparecer e se dispor a ajudar.
Esse esquema de mais forte ameaçando o mais fraco pode ser visto em um esquema ampliado, como no seguinte caso: uma grande empresa de eletrodomésticos ameaça outras menores por possuir grande monopólio do mercado de eletrônicos, fazendo com que as empresas menores tendem a falir.
Dessa maneira, podemos ver que em setores em que não há um poder regulador instituído, como no caso da livre concorrência entre empresas, como já foi citado, prevalece a lei do mais forte.
Outro exemplo do uso da teoria de Hobbes nos dias atuais é a instituição da pena de morte como forma de coibir certos crimes. Em vários países do Sudeste Asiático, como a Indonésia, por exemplo, o tráfico de drogas é passível de punição capital. Ora, tal punição se relaciona diretamente com as idéias de Hobbes, já que o objetivo principal é evitar algo que desestabilize o poder do estado por meio do medo causado pela punição.
Por esses exemplos, vemos que muitos pontos da teoria hobbesiana continuam a influenciar a política nos dias de hoje, bem como seus conceitos de natureza podem ser observados facilmente na sociedade.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Governantes necessitam ter Virtú.
Na semana passada, o Rio de Janeiro vivenciou a maior tempestade da história do estado. O resultado foi trágico: 219 mortos, 161 feridos, 11562 desabrigados, 10,3 milhões de moradores atingidos e 22 municípios afetados. Alagamentos, destruição de casas e carros empilhados eram cenas comuns. A pior situação foi, sem dúvida, a das favelas, que tiveram seus barracos arrastados, além de pessoas mortas ou desaparecidas.
Nicolau Maquiavel, pensador clássico da teoria política, utilizava dois termos para analisar a filosofia política: fortuna e virtù. Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e à sorte da pessoa. Virtù, por sua vez, é a capacidade do político controlar os acontecimentos impostos pela fortuna.
Relacionando a situação atual do Rio de Janeiro com as idéias de Maquiavel, podemos dizer que as fortes chuvas são justificadas pela fortuna, e o governo, diante desse problema, deve ser virtuoso (virtú) para reconstruir o estado.
Nicolau Maquiavel, pensador clássico da teoria política, utilizava dois termos para analisar a filosofia política: fortuna e virtù. Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e à sorte da pessoa. Virtù, por sua vez, é a capacidade do político controlar os acontecimentos impostos pela fortuna.
Relacionando a situação atual do Rio de Janeiro com as idéias de Maquiavel, podemos dizer que as fortes chuvas são justificadas pela fortuna, e o governo, diante desse problema, deve ser virtuoso (virtú) para reconstruir o estado.
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